Celas lotadas - Sem vagas nos presídios, situação volta a se complicar em delegacias

sábado, 17 de março de 2012


Clique para Ampliar
O problema de lotação de xadrezes nas delegacias vem acontecendo há anos
Clique para Ampliar
Nas Casas de Privação Provisória da Liberdade, as CPPLs, há também uma enorme quantidade de presos aguardando o julgamento. Situação igual é vivida na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), no Centro de Fortaleza
 
A previsão da Polícia Civil é que, até o fim do feriadão, cerca de 800 presos estejam recolhidos nas DPs

A situação nas delegacias de Polícia Civil na Capital e Região Metropolitana voltou a ficar tensa, diante da superlotação. Até ontem à noite, cerca de 750 detentos lotavam as distritais, especializadas e metropolitanas, por conta da falta de vagas nos presídios e casas de custódia. O excedente chega a 300 por cento em relação à capacidade real de custódia nas DPs.

A realidade mais preocupante, segundo a direção da Polícia Civil, é a da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), onde, na noite de quarta-feira última foi evitada uma fuga em massa de presos. Um deles acabou ficando gravemente ferido ao pular de uma altura aproximada de quatro metros, o que lhe causou fratura nos pés. O homem segue hospitalizado.

Poucas vagas

Segundo o diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), delegado Jairo Pequeno, o represamento de presos nas delegacias é consequência de um efeito ´bola de neve´. "Quando a Sejus (Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania) nos disponibiliza poucas vagas para a transferência de presos, o resultado é que provoca a superlotação nos nossos xadrezes", afirma. Semanalmente, a Sejus está liberando para a Polícia Civil em torno de 60 vagas. Mas, este número, segundo Jairo pequeno, é insuficiente para a demanda, já que, conforme a sua avaliação, seriam necessárias, pelo menos, 120 vagas todas as semanas. "O que está sendo autorizado é a metade do que necessitamos", assegura o delegado.

A Sejus, por sua vez, tenta cumprir uma determinação da Justiça, segundo a qual, as unidades penais não podem exceder em mais de 20 por cento sua capacidade de recolhimento de presos. E todas as unidades - Casas de Privação Provisória da Liberdade/CPPLs, presídios, penitenciárias e cadeias públicas - apresentam também superlotação. Até mesmo a recém-inaugurada Penitenciária de Pacatuba já está com sua capacidade no limite e para lá somente são mandados réus já condenados.

Reincidência

Conforme Jairo Pequeno, até o fim do ´feriadão´ é possível que o número de presos nas delegacias supere 800. "Nos fins de semanas prolongados ocorrem muitas prisões em flagrante", ressalta o delegado. A reincidência, aliada ao bom trabalho da Polícia nas ruas, prendendo criminosos, é um dos principais fatores para a superlotação das DPs.

30º DP sofre com excesso de detentos nos xadrezes

O delegado Marcelo Moura, titular do 30ºDP (São Cristóvão), assumiu o cargo em dezembro do ano passado. Já chegou enfrentando o problema da superlotação. Ele revela que, até ontem, os dois xadrezes da distrital abrigavam 26 presos. O ideal é, no máximo, 12.

A situação fica mais complicada porque o 30ºDP é polo plantonista. "Já teve dia em que o plantão deixou 50 presos", lembrou. Para resolver esse tipo de problema o mais rápido passível, ele providenciou logo a transferência dos presos que cometeram crimes nas circunscrições de outras delegacias.

Perigosos

Em virtude de o 30ºDP estar localizado em uma das áreas mais violentas da Capital cearense, Marcelo Moura procurou minimizar o problema da superlotação buscando a parceria com os departamentos de Polícia Metropolitana (DPM)e Especializada (DPE), para que os detentos considerados mais perigosos sejam logo encaminhados à Delegacia de Capturas e Polinter.

Periodicamente, advogados do Núcleo de Apoio ao Preso Provisório (Nuapp) visitam os detentos no 30ºDP e providenciam a soltura dos que já deveriam estar em liberdade. "Essas parcerias têm nos ajudado muito. A delegacia está superlotada, mas poderia ser pior", mostrou o delegado Moura. Segundo Moura, muitos crimes deixam de ser investigados porque os inspetores precisam ficar na delegacia, devido ao perigo de motim ou fuga em massa. Os presos comprovadamente periculosos são imediatamente levados xadrezes das delegacias situadas no prédio da Delegacia-Geral da Polícia Civil.




Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste

0 comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Copyright © Ceará News