Clima pré-eleitoral já afeta relação do Governo com base aliada

sexta-feira, 9 de março de 2012



Atensão pré-eleitoral já dificulta a articulação do Governo Federal com os partidos que compõem a base aliada, apesar de todos os esforços para contornar as insatisfações. Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff (PT) vem amargando dissabores na Câmara dos Deputados e no Senado. Parlamentares da bancada cearense negam que uma crise esteja instalada, mas acreditam que o ano será de divergências motivadas pelas disputas municipais em todo o País.


Nos últimos dias, o Senado rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo, técnico de máxima confiança da presidente Dilma, para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A própria presidente Dilma Rousseff lamentou ontem a derrota. O porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, afirmou ainda que a presidente “respeita a decisão do Senado” e que Dilma encaminhará nova indicação ao Congresso Nacional.

Além disso, mesmo com o empenho do Governo em apressar a aprovação, a Câmara Federal deixou de votar a Lei Geral da Copa, na última quarta-feira, assim como o Código Florestal, o que pode levar o Brasil a sediar a Conferência das Nações Unidas Rio mais 20, em junho, sem a nova legislação.

Semana passada, o Governo conseguiu aprovação na Câmara Federal da lei que cria a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), com resistência de metade da bancada federal cearense. Deputados do próprio PT e da base aliada votaram contra o projeto apresentado pelo Governo Dilma. PMDB, um dos mais importantes partidos de sustentação da gestão, divulgou manifesto contra a “hegemonia do PT” e afirmando preocupação em perder espaço nas eleições municipais.

Crise pré-eleitoral

De acordo com o deputado federal Chico Lopes (PCdoB), não há uma crise, mas um problema de relacionamento político, pois as eleições municipais já começam a interferir, pela dificuldade interna das alianças. “Mas ela (Dilma) continua sendo uma grande liderança. Acredito que ela vai trabalhar para essa crise de eleição municipal não interferir de maneira a prejudicar o país”, defende Chico Lopes.

O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) cita descontentamentos na base aliada, ocasionados pelas eleições. “As insatisfações que a gente ouve nos corredores começam a se expressar no voto. Eu considero uma pré-crise”, afirma.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O momento é de tensãona base aliada do Governo Dilma. Por causa do ano eleitoral, as insatisfações dos partidos se evidenciam na rotina da Câmara e do Senado. Cabe ao Governo pensar uma estratégia para reforçar o diálogo com a base aliada.

Dificuldades do Governo


ANTT
O Senado rejeitou, na última quarta-feira, a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ex-dirigente é técnico de máxima confiança de Dilma. A rejeição teria surpreendido o Governo, que decidiu adiar na Comissão de Infraestrutura do Senado (CI) a votação da mensagem de Dilma designando dois diretores para a agência.

Crise com PMDB
Manifesto do PMDB, divulgado semana passada, expôs insatisfação diante da “hegemonia do PT”. Parlamentares peemedebistas consideram o tratamento recebido pelo Governo de “injusto” e “desigual”. A disputa eleitoral também foi citada pelo manifesto. Segundo o texto, o PT estaria empenhado em assumir o lugar do PMDB como maior partido com base municipal do país.

Crise com PR
Desde a saída de Alfredo Nascimento (PR) do Ministério dos Transportes e da perda de outros postos importantes no Dnit, em meados de 2011, o PR se intitulou como partido independente. Ao sair da base governista, o partido não se colocou como oposição. O argumento era de que estaria assumindo uma postura crítica quanto ao Governo.

Código Florestal
Há possibilidade de o Brasil sediar a Conferência das Nações Unidas Rio+20, em junho, sem um novo Código Florestal. Há grande insatisfação entre ambientalistas. O projeto pode sofrer alterações na Câmara, como propõe o relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG). Contudo, há informações de que o Governo não tem interesse em votar proposta diferente da que foi aprovada pelo Senado em dezembro.

Lei Geral da Copa
Enquanto o Governo Federal se empenha em apressar a votação da Lei Geral da Copa, a tramitação segue lenta. Havia expectativa de que a lei fosse a Plenário na última quarta-feira, mas ela foi aprovada apenas na comissão especial. O texto contém pontos polêmicos, como o consumo de bebida alcoólica em estádios e situações em que o governo deverá bancar prejuízos da Fifa.

Saiba mais

A discussão durante encontro da bancada federal cearense revela mais uma dificuldade dentro do cenário de tensão do Governo Dilma. Há informações de que há muita insatisfação entre alguns parlamentares quanto à atuação do coordenador, o deputado federal Arnon Bezerra (PTB).

Por causa da discussão sobre recursos destinados à obra da avenida Beira Mar, o debate sobre a escolha do novo coordenador da bancada cearense foi adiado para a próxima semana.

O POVO tentou contato com Arnon Bezerra diversas vezes na tarde e noite de ontem, mas ele não atendeu às ligações, nem retornou à mensagem de texto enviada ao seu celular.

O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) não participou da reunião, mas disse que, na próxima, levará documentos mostrando que o projeto da Beira Mar sequer estava habilitado tecnicamente quando os recursos foram empenhados.




Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo

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