Politica - PSDB sofre por um nome para enfrentar o candidato petista em São Paulo

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012


Em 4 de março, o tucanato realizará uma prévia com quatro pré-candidatos.

São Paulo — O PSDB nasceu em 1988 como uma dissidência do PMDB de José Sarney e Ulysses Guimarães. Sete anos depois, assumiu a Presidência da República com Fernando Henrique Cardoso, e o Palácio dos Bandeirantes com Mário Covas. Permanece no comando de São Paulo até hoje, mas está fora do Planalto desde 2002. Tem um eleitorado cativo no estado e quase 20% de reconhecimento e respeito na capital paulista, segundo pesquisas encomendadas pelo principal rival, o PT. Tanto poder político é insuficiente para responder, a nove meses das eleições municipais, se o partido terá um candidato competitivo na maior cidade do país para enfrentar o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Haddad.


Em 4 de março, o tucanato realizará uma prévia com quatro pré-candidatos: Bruno Covas, secretário de Meio Ambiente de São Paulo; José Aníbal, secretário de Energia; Andrea Matarazzo, secretário de Cultura; e Ricardo Tripoli, deputado federal. Caberá a um dos quatro a tarefa de, amparado pela máquina estadual, convencer uma cidade de 12 milhões de habitantes, repleta de problemas e de desafios, que tem condição de manter o prestígio da legenda em alta.


O suspense que colocou o principal partido de oposição ao PT nesta encruzilhada surgiu da disputa fratricida das duas maiores lideranças da legenda no Estado: José Serra e Geraldo Alckmin. Rivalidade alimentada há pelo menos 12 anos. Desde 2000, só esses dois tiveram o direito de disputar cargos majoritários no partido. Alckmin ainda era vice de Covas quando foi escolhido pela legenda para ser candidato a prefeito da capital. Em 2002, ele próprio elegeu-se governador.


Em 2004, Serra ganha a prefeitura. Dois anos depois, chega ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2008, Alckmin perde a prefeitura de São Paulo, mas vence o governo estadual em 2010. Nesse período, Serra foi duas vezes candidato a presidente e Alckmin, uma. “Havia um acordo tático de que ninguém poderia furar esse bloqueio. A militância do PSDB está há muito tempo sendo convocada apenas para homologar essa alternância”, reclamou um alto representante tucano em São Paulo, sem querer comprar briga explícita com os demais caciques estaduais.


Falta também, na opinião de vários tucanos ouvidos pelo Correio, alguém com pulso suficientemente firme e disposição política para colocar ordem na casa. Nos primórdios do PSDB, esse trabalho de organização partidária era dividido por Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas. Os dois últimos estão mortos. E Fernando Henrique? “Ele está interessado em lançar livros, dar palestras, participar de documentários, curtir a sua nova namorada. Ele não tem mais paciência para se envolver com a engrenagem do partido”, confirmou um experiente tucano.


O que não impede FHC de emitir recados diretos, especialmente contra Serra. “A minha cota de Serra deu. Ele foi duas vezes meu ministro, duas vezes candidato a presidente, candidato a governador e a prefeito. Chega, não tenho mais paciência com ele”, confessou o ex-presidente da República a pelo menos dois interlocutores, semanas antes da famosa entrevista à revista The Economist, na qual aponta Aécio Neves como candidato natural do PSDB à campanha presidencial de 2014.


Visão estreita
 O que impacienta o PSDB não é apenas o fato de o comando do partido em São Paulo estar concentrado apenas em duas mãos. Irrita profundamente os filiados a constatação de que nem Alckmin nem Serra podem ser considerados lideranças empolgantes. O primeiro é visto como um governador provinciano e caipira. Faz questão de ligar pessoalmente para prefeitos e discutir convênios firmados pelo governo estadual. “Ele não saiu de Pindamonhangaba ainda (terra onde começou a carreira política). Quando foi deputado federal, parecia um vereador”, provocou um aliado de José Serra.

Serra tem mais currículo. Esteve à frente da pasta do Planejamento, foi senador e, até hoje, é considerado um dos melhores ministros da Saúde que este país já teve. Mas sua antipatia crônica deixou-o isolado no partido. “Ele é pesado, não ouve ninguém, toma decisões sozinho e é incapaz de assumir os próprios erros”, criticou um tucano mais próximo de Geraldo Alckmin. “Serra não pode reclamar de nada do partido. Em 2010, ele fez a campanha do jeito que quis, teve completa autonomia. E perdeu para Dilma Rousseff uma campanha que nós poderíamos ter ganhado”, disse outro correligionário, corroborando a avaliação feita por Fernando Henrique Cardoso.


Um dos mais experientes parlamentares do partido, o deputado Walter Feldmann (SP) está desanimado. Ele expôs ao Correio toda a desilusão com a legenda que ajudou a fundar no final da década de 1980. “Um partido que perde a capacidade de definir objetivos estratégicos vai ficar sempre refém de projetos conjunturais e eleitoreiros”, criticou.



Quem é quem


Confira os quatro nomes tucanos que disputam a indicação do partido para concorrer à prefeitura de São Paulo

 (Mastrangelo Reino/Folhapress )  

Bruno Covas
Secretário de Meio Ambiente de São Paulo, é neto do ex-governador e fundador do partido, Mário Covas. Já foi também presidente nacional da Juventude do Partido.

 (Eduardo Knapp/Folhapress)  

Andrea Matarazzo
Secretário de Cultura de São Paulo. Sobrinho-neto do conde Francesco Matarazzo. Foi também secretário de coordenação das subprefeituras da Prefeitura de São Paulo.

 (Carlos Moura/CB/D.A Press -)  

José Aníbal
Secretário de Energia de São Paulo, deputado federal licenciado, foi presidente do PSDB entre 2001 e 2003 e coordenador do programa de governo de Geraldo Alckmin em 2010.

 (Brizza Cavalcante/Agência Câmara)  
Ricardo Tripoli
Deputado federal, vice-líder do PSDB na Câmara. Em 1995, ocupou o cargo de presidente da Assembleia Legislativa de
São Paulo. Em 1999, foi secretário estadual do Meio Ambiente, no governo de Mário Covas.

PT discute estratégia
Integrantes do Conselho Político da campanha à prefeitura de São Paulo de Fernando Haddad começaram a definir ontem a estratégia que o PT vai colocar em campo para a disputa de outubro. Nos próximos dias, Haddad deve intensificar a agenda nas periferias da cidade e ampliar o debate com alguns líderes comunitários para, a partir de então, definir as primeiras linhas do plano de governo. No encontro, também ficou acertado que o PT tentará alianças com “velhos parceiros”, como o PSB, o PCdoB, o PR e o PDT. Em relação ao PSD, o dialogo permanecerá aberto. “Vamos insistir também com a ideia de compor com o PMDB”, ressaltou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP). O evento contou com a participação de senadores, deputados estaduais, vereadores e dirigentes do partido. A principal ausência foi a da senadora Marta Suplicy (SP), preterida pelo partido na disputa pelo comando da capital paulista.

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